Com base no estudo da Cosmogênese, capítulo da Teosofia que trata das origens do Universo e que será desenvolvido no capítulo XI, constata-se que existe uma fase em que o Universo vai se densificando e vão se preparando as possibilidades para o aparecimento do homem, que é o objetivo da Criação.
Ao longo dessa fase, através de etapas cíclicas, chamadas no seu conjunto fase da vida energia, vão se organizando os veículos do ser humano, do mais sutil para o mais denso - o corpo mental, o corpo emocional, o corpo vital e o corpo físico. Através desses corpos, atua a Consciência Superior que, na concepção teosófica, é de natureza Divina, é uma partícula da Divindade.
Pensadores confirmam esta idéia:
Thomas Carlyle (1.795‑1.881), historiador e crítico Inglês, deixou registrado o seguinte: "A essência de nosso ser, o mistério em nós que se chama EU, é um hálito do Céu; o Altíssimo se revela a si mesmo no homem. Este corpo, estas faculdades, esta vida nossa, nada mais é do que uma veste para o Inominado. Existe apenas um templo no Universo e esse é o corpo do homem".
Em síntese, a função de cada corpo seria:
- O físico é suporte para as atividades no plano físico.
- O vital é o corpo energético, por onde circulam energias cósmicas e que são responsáveis pela vida física.
- O emocional é o corpo através do qual o homem sente, recebe estímulos e efetua percepções.
- O mental, através do qual o homem pensa, interpreta, raciocina e, em seus níveis mais elevados, intui e CONHECE. O sistema nervoso estabelece ligação entre o físico, a parte da qual temos consciência, e os corpos mais sutis, sendo que o cérebro é apenas ponte.
- Estes corpos são encimados pela Consciência Superior que tem as possibilidades do Eterno.
Portanto, o homem traz Deus dentro de si.
Nós só temos percepção consciente do corpo físico e do mundo físico que nos cerca, porque nossa Consciência está focada dentro desta delimitação do Universo e nossos sentidos só são impressionados pela matéria que está dentro de uma determinada gama de densidade, dentro de um determinado limite de frequência vibratória.
A medicina conhece bem o físico, mas o homem não é tão perfeitamente conhecido nos aspectos fisiológico, psicológico e patológico. A fisiologia, por exemplo, ainda não desvendou a verdadeira função das glândulas e dos hormônios e, muito menos, explica o mistério das batidas cardíacas e do pulsar dos pulmões. Mesmo dentro da psicologia, que é o capítulo que procura analisar a parte mais subjetiva, as conclusões da maioria dos estudiosos ainda são tiradas através das reações neurológicas e comportamentais, por aquilo que pode ser constatado. Várias linhas da psicologia, todavia, começam penetrando o aspecto transcendental do homem. Os adeptos desta forma de pensar ainda são a minoria porque o transcendente é muito difícil, senão impossível de se enquadrar dentro das exigências da ciência, uma vez que não podem ser demonstrados, não podem ser explicados de forma racional, lógica. A constatação desses fenômenos subjetivos, exige uma condição interna que vai surgindo ao passo que o homem evolui, ao passo que o homem vai entrando em contato com dados sobre a sua própria constituição e vai percebendo a sua posição dentro do Universo. Por enquanto, nós só lidamos com fatos que são regidos pelas leis que vão sendo descobertas pela ciência, se bem que as origens dessas leis ainda permaneçam uma grande incógnita.
A ciência médica, com todo o seu inegável avanço, não consegue explicar a origem da vida. O homem, ao morrer, é um conjunto de células, mas o que falta para que viva?
A ciência ainda não respondeu àquela pergunta feita por Aristóteles: "Como é que a alma se liga ao corpo?". Os participantes de um simpósio realizado nos Estados Unidos, estando presentes neurologistas, fisiólogos, teólogos, terminaram seus trabalhos ainda perplexos sem encontrar a maneira pela qual as faculdades abstratas do homem se ligam ao corpo físico, e a ciência jamais responderá a esta indagação, a menos que aceite a constituição Teosófica do homem, segundo a qual cada corpo tem uma função específica.
A ciência só aceita aquilo que é constatável pelos sentidos. Acontece que, dentro desta era tecnológica, nós mesmos que estamos vivendo neste século, pudemos acompanhar a imensa extensão de nossos próprios sentidos. Passamos, através de aparelhos, a perceber realidades universais, hoje cientificamente comprovadas, mas que, se fossem afirmadas ao tempo em que contávamos apenas com a percepção de nossos sentidos, pareceriam colocações alucinantes ou, no mínimo, místicas, metafísicas.
As descobertas atômicas comprovam que este mundo não é exatamente como o vemos. A matéria, por exemplo, é descontínua, e constituída por campos eletromagnéticos, no entanto, a vemos compacta, devido à velocidade das partículas que a constituem.
A Teosofia afirma que os outros corpos - o vital, o emocional, e o mental - situam‑se em planos mais sutis. Assim como este mundo físico é constituído por matéria em vários estados de densidade, resultantes do fato de as moléculas se agregarem de forma diferente, não se fugiria ao pensamento científico colocando a hipótese de que existem outros estados da matéria ainda não perceptíveis aos sentidos do homem, mesmo ampliados pela tecnologia.
A ciência não tem mais dúvida da existência de uma forma de matéria que não a dos estados conhecidos. Com a desintegração do átomo, com os raios laser, a ciência tem se deparado com partículas que não se comportam de acordo com as leis já conhecidas.
Já podemos dizer que a ciência identifica quatro estados da matéria ‑ sólido, líquido, gasoso e etérico, também denominado eletromagnético.
Christiaan Huygens (1.629‑1.695), físico, matemático e astrônomo Holandês, ao seu tempo, já afirmava: "Como a luz atravessa o vácuo, a única saída é admitir‑se a existência de uma substância hipotética, o éter, um meio transparente que permeia todo o Universo".
O estado etérico veio sendo considerado e mencionado com outros nomes, desde milênios. Os Cabalistas já concebiam uma essência divina, de natureza etérica, transparente, que permearia e animaria tudo quanto existe, à qual davam o nome genérico de Anima Mundi. Essa mesma concepção aparece no Budhismo com o nome de Alaya. Para o Ocidental, todavia, ele só começou a ser considerado no século passado, na época das invenções radioelétricas. No momento em que, através de dois pontos completamente separados, sem qualquer ligação visível, se conseguiu estabelecer uma comunicação, não houve alternativa senão admitir a existência de algum elemento condutor presente no espaço. Caso contrário, o processo estaria fora da lógica. A esse agente deu-se o nome de éter, nome que já fora empregado no Ocidente pelos alquimistas medievais.
Mais recentemente, entre outros, citaram essa Substância fundamental do Universo:
Paracelso (1.493 - 1.526), médico Suiço-Alemão, grande sábio, afirmou: "O Microcosmos inteiro está contido, potencialmente, no Liquor Vitae".
B. W. Richardson (1879-1959): "Eu emprego a palavra éter em seu sentido genérico para me referir a uma matéria muito leve, vaporosa ou gasosa; eu a emprego com o mesmo sentido empregado pelos astrônomos quando falam do éter do Espaço, referindo-se a um meio material apesar de sutil"
Na Doutrina Secreta Vol. II Pag. 210, H.P.B. cita Stallo: "As exigências da teoria atômico-mecânica levaram conceituados matemáticos e físicos a tentarem uma substituição relativa ao conceito atômico da matéria para formas peculiares de movimentação em vórtices dentro de um meio material universal, homogêneo, não compressível e contínuo, ou seja, sem interrupção - o éter."
Pag. 250, H.P.B. diz o seguinte: "Há dois elementos no Universo; um é a matéria perceptível, que pode ser medida, outro é o éter que em tudo penetra. Carece de cor, peso, forma e substância; é tão sutil que só a palavra éter pode expressá-la; enche o espaço."
Vamos repassar rapidamente nosso conhecimento de física relativo às densidades da matéria.
Desde Demócrito, 400 anos antes de Cristo, que o homem pensa haver chegado ao limite mínimo da matéria, à menor partícula, não fragmentável, tanto assim que ela recebeu o nome de átomo. O radical Grego "tom" significa cortar; o prefixo "a" exprime negação, portanto, átomo expressa a idéia de indivisível.
Descartes, em 1.625, portanto 300 anos antes da descoberta dos elétrons, deduziu que, além dos átomos, deveria existir uma partícula muito menor.
Ernest Rutherford (1.871‑1.937), lorde Inglês, grande físico, em 1.911, apresentou um modelo de átomo análogo ao sistema solar, com os elétrons girando em torno do próton.
Quanto maior a carga do elétron, motivada pelo aumento da velocidade orbitária, mais ele tende a afastar‑se do núcleo. Quando esse afastamento chega a um limite, que põe em perigo a manutenção do sistema, surge novo elétron com capacidade de gerar a carga necessária para manter a ligação com o núcleo. Da mesma forma, quando o próton não consegue equilibrar a carga dos elétrons, surge outro próton.
Ao passo que o átomo foi progredindo em termos de conter cargas energéticas maiores, mais altas, e as trajetórias orbitárias consequentemente foram se tornando mais velozes, os estados da matéria começaram se diferenciando. Quanto maior a velocidade orbitária, maior a força energética gerada, o que vai provocando maior inércia das moléculas.
Diante das fantásticas descobertas dentro do campo da física em geral e, em particular, da física nuclear, que passou a perceber partículas e comportamentos da matéria que não se ajustam às leis conhecidas, que não se ajustam aos conhecimentos já sedimentados, entrando em um mundo totalmente novo, só resta concordar com a Teosofia quando afirma existirem estados da matéria ainda mais sutis que o etérico, não perceptíveis aos nossos sentidos atuais. Estados nos quais os agrupamentos energéticos que constituem a matéria, se comportariam de modo tal que escapam à percepção desta nossa estrutura física.
Hoje em dia, a ciência já cogita a respeito do corpo vital, inclusive começa a haver grande interesse relativamente às experiências do casal Russo, Kirlian ‑ Semyon e Valentina ‑ técnicos em eletrônica e que conseguiram fotografar as radiações que emanam desse corpo. Conseguiram fotos tiradas através da incidência de um campo elétrico de alta freqüência ‑ 75 mil a 200 mil ciclos por segundo ‑ sobre o objeto a ser fotografado. Esse fenômeno ainda continua em estudo mas tudo indica, conforme conclusão dos próprios cientistas, que esteja relacionado à energia da vida, ao aura vital dos ocultistas, porque a mesma folha, por exemplo, fotografada no primeiro dia após ser desligada da árvore, apresenta um grande brilho que vai declinando, esmaecendo ao passo que a folha vai morrendo.
Já temos também um capítulo que vai se firmando, o da Bioenergética, da Biopsicoenergética, liderado por Lívio Vinardi e que vem procurando fazer um estudo analógico entre aquilo que é do domínio da ciência e aquilo que vem sendo detectado por via extra-sensorial, relativamente aos processos energéticos que se verificam no corpo físico e em volta dele. A Bioenergética afirma que o trânsito das mensagens pelo sistema nervoso é de natureza elétrica ‑ com 0,1 volt ‑ o que forma um campo eletromagnético que é o corpo vital, detectado por Semyon Kirlian. Em termos de densidade, seria o quarto estado da matéria.
A Acupuntura, medicina Oriental hoje reconhecida e oficializada pela medicina Ocidental, manipula essas energias do corpo vital com o fim de conseguir o equilíbrio do organismo físico e vem conseguindo resultados extremamente satisfatórios. Em 1.953, Mikhail Kuzmich Gackin, cirurgião de Leningrado, justapôs fotos Kirlian aos pontos de acupuntura e confirmou que coincidem perfeitamente.
A Homeopatia, quando se refere às dinamizações do remédio, também está lidando com essas energias que circulam em nosso corpo através dos chamados meridianos, que correspondem a um sistema de circulação de energia, comparável ao sistema circulatório sanguíneo.
Para manutenção de sua integridade os vários corpos retiram matéria prima dos planos cósmicos correspondentes.
No próximo capítulo vamos ver as possibilidades do homem dentro do universo.
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Efeito Kirlian ‑ Descoberto por acaso em 1.939, por um eletrotécnico Russo. É a forma de fotografar, ou determinar as irradiações luminescentes que todos os corpos vivos emitem e que são invisíveis ao olho comum. É um processo ótico ou fotográfico que mostra um mundo até então invisível de irradiações, chamas caprichosas, finas, coloridas, brilhantes que emergem de todos os corpos animados e inanimados quando submetidos à ação de um campo elétrico de alta freqüência e elevada tensão. No exercício de sua função, que era a de efetuar reparos nas instalações eletrônicas, encontrava‑se no instituto de pesquisas médicas da cidade de Krasnodar, sul da Rússia. Enquanto esperava, observou um paciente que estava sendo submetido a tratamento de eletroterapia de alta freqüência. Foi quando percebeu que, do espaço entre o eletrodo e a pele do paciente, partiam belas irradiações luminosas. Construiu um aparelho ‑ usou uma chapa fotográfica entre seu dedo e os eletrodos de metal, no campo de alta freqüência, mas logo teve de parar com as experiências porque veio a guerra. Só lá por 1.960 continuou e passou a publicar os resultados.
Biopsicoenergética ‑ É a ciência que se ocupa do estudo das energias biopsicológicas procurando conhecer a sua natureza, sua procedência e os efeitos que produzem, bem como sua inter-relação com todo outro tipo de energias, sejam naturais ou geradas. Energias naturais são radiações solares, astrais, lunares, energia vegetal, mineral etc. Energias geradas são as mecânicas, acústicas, elétricas, magnéticas, energias químicas, radiações nucleares etc. Busca investigar as causas funcionais que fundamentam a interação entre a energética humana e todas as energias externas. Relativamente ao ser humano, segundo Lívio Vinardi, a Biopsicoenergética o considera como uma unidade biológica - psíquica - energética - espiritual, e o enlaça com a natureza e o cosmos.