No que consiste, verdadeiramente, o grau de consciência?
O ser humano é constituído, como vimos, por vários corpos habitados pela Consciência Superior. O grau de consciência física depende do quanto dessa Consciência a pessoa deixa fluir através de seus dois corpos dinâmicos ‑ emocional e mental - corpos esses que estabelecem a amplitude de nossa vida física consciente.
Por sua vez, a quantidade desse Princípio Superior que consegue fluir depende do grau de equilíbrio dos vários veículos.
Consequentemente, grau de consciência é um valor relativo que depende da medida de diversos fatores que variam de acordo com cada indivíduo. Na dependência da composição atual dos veículos e do equilíbrio psíquico, conseguiremos maior ou menor comunicação com a Consciência.
Quer dizer, em última análise, que o fator comunicação é que dá o nível do grau de consciência.
Então, para aumentar a comunicação, preciso equilibrar os veículos:
- O físico, pela alimentação sadia, exercícios, respiração, repouso e lazer, cuidando naturalmente com equilíbrio das atividades da vida contingente.
- O vital, pela prática da respiração, do Pranayama, de Yogas. Uma de suas funções é absorver Prana, energia Cósmica, que será apresentada no capítulo XIII; sendo que essa absorção se faz pela respiração. Podemos passar dias sem alimento, noites sem dormir mas não resistiremos a minutos sem respirar. O oxigênio é alimento essencial do corpo físico, mas Prana tem potencial alimentador bilhões de vezes maior do que ele. Haja vista o caso de Yogues que conseguem ficar tempo indeterminado sem respirar. É que controlam a absorção do Prana diretamente pelos centros etéricos, pelos chakras.
- O corpo emocional, pela transformação da emoção. Trabalho consciente, entrando em contato com linhas atuais da psicologia e que estão direcionadas exatamente para o aprimoramento da vida interior.
- O corpo mental - A evolução do homem, mesmo de forma inconsciente, começa com o mental, que é o fulcro do processo interno no ciclo evolutivo atual, cujo objetivo é o domínio da emoção pelo mental. O primeiro passo para a organização deste corpo é ampliação da capacidade mental. Começo pela aquisição de conhecimentos. Não erudição, não grau de cultura. Não é o quanto eu sei propriamente. É uma nova atitude - a de disposição para o estudo, para o trabalho mental. Começo do ponto onde me encontro. Acontece que só o conhecimento não é suficiente. Todo o conhecimento precisa ser transformado em vivência para que se vá pondo à prova as Leis que regem a vida. Nossa natureza é como uma balança. Quando coloco conhecimento num prato, preciso colocar ação no outro. Se desvinculo conhecimento da ação, entro em desequilíbrio.
A ampliação do mental, a transformação interior e mais o conjunto de práticas propostas pela Yoga levam o indivíduo a ultrapassar o mental racional e a entrar na faixa da intuição.
Ao organizar o quadro vital, emocional e mental, por trabalho consciente, facilito a atuação da Consciência e aumento a agudeza da Razão. Adquiro maior capacidade de analisar, argumentar e encontrar soluções justas perante a Lei, uma vez que Razão é a exteriorização da Consciência. É o "quantum" de verdades Universais, de Leis, permito que se exteriorizem através de minha atividade psíquica.
Analisando tudo isso que acabamos de expor, é fácil compreender que o grau de consciência é um valor relativo:
‑ Existe um valor fixo que é a Consciência, igual para todos.
Acontece, porém, que os outros elementos que participam do processo de comunicação são variáveis:
‑ Estado físico;
‑ Quadro do vital que a pessoa traz como Karma e do trabalho que está sendo feito agora;
‑ Quadro emocional, vivências emocionais, trabalho que está sendo feito;
‑ Quadro mental que a pessoa traz, mais conhecimentos que adquire, mais abertura e libertação dos preconceitos;
‑ Nível de comunicação que já traz e que consegue melhorar ou piorar.
Com todas essas variáveis e um valor fixo, entramos na lei das probabilidades que resulta em uma quantidade infinita de possibilidades. Daí Roso de Luna dizer: "A Maya Budhista, ou seja, as ilusões do mundo físico, é comparável à relatividade de Einstein". Cada homem concebe a realidade de acordo com o seu grau de evolução, segundo o jogo dos elementos da alma, por isso não pode haver discussão no sentido de se impor idéias, somente o diálogo.
Cada um de nós é um ser completamente único, diferente, cada um vê o mundo e penetra os conceitos de modo particular.
Estamos diante de uma extraordinária realidade psicológica e que diz respeito ao Julgamento.
Não julgueis para que não sejais julgados, parece místico. Mas, não julgueis porque com teu grau de consciência não podeis medir o grau de consciência de teu semelhante, começamos a lidar com grandezas e tem conotação cientifica.
São palavras de Carl Rogers (1.902):"0 campo fenomenológico do indivíduo pode passar por uma série de mudanças, oferecendo várias alternativas possíveis de respostas. Para o observador, o comportamento resultante talvez pareça irrelevante, inadequado ou mesmo destrutivo. Mas, em qualquer caso, seu julgamento não pode ter sido baseado em todos os indícios disponíveis. Os indícios e razões só estão disponíveis para a própria pessoa". E, ainda assim, com todos os elementos à mão, encontramos barreiras quase intransponíveis para um autojulgamento.
Gaiarça, em seu "Tratado sobre a fofoca" que ele classifica como a maior peste emocional, diz: "Fofoca é aquilo que as pessoas inibidas, quadradas, incapazes, fazem contra as que se mexem, vivem, fazem coisas criativas".
Como resultado do esforço para auto-organização, iremos aumentando o grau de consciência. Nossas resoluções irão se aproximando cada vez mais dos desígnios da Lei.
Resumindo: Grau de consciência resulta do "quantum" de Leis que conscientizo e que passo a aplicar na vida diária, pertença eu a que linha filosófica ou religiosa, não importa, o que importa é que as Leis Universais estejam realmente sendo entendidas e praticadas.