CAPÍTULO X

CONSIDERAÇÕES SOBRE A EMOÇÃO

 

Uma vez que, em termos de mente e emoção, somos muito mais emoção, vamos procurar conhecer mais alguns de seus aspectos:

1.      A emoção dificulta a calma da matéria mental. Ela é que convulsiona. Não há perturbação senão quando a emoção se movimenta.

2.      Emoção dificulta a colocação do pensamento ordenado. Impede o controle das imagens. Leva à dispersão.

3.      A psicologia afirma que a emoção é que determina a estruturação da personalidade.

Essas considerações nos levam à necessidade de analisar a emoção e ver bem o seu papel no jogo da alma.

Para conseguir um equilíbrio, precisamos reformular nossas atitudes em relação à emoção:

1.       O máximo de atenção que devemos dar às emoções desequilibrantes, perturbadoras, é a de que são elementos necessários porque provocam a dinâmica interna que resulta na evolução. Ao nos desequilibrarem, estão cumprindo seu papel. Devemos nos manter num comportamento calmo aconteça o que acontecer ao nosso redor. A frase de Huberto Rhoden pode ser aplicada a inúmeras situações conflitantes: "O mal que os outros me fazem, não me faz mal algum, mas o mal que eu faço aos outros, esse sim é que me faz mal."

2.      Temos vivido em função dos impulsos, dos reclamos da emoção. Agora, devemos passar a ser um observador imparcial, sem envolvimento emocional. Ser uma segunda pessoa que pode ajuizar sobre a JUSTIÇA do acontecimento. Eu estou convulsionado, mas será que tenho razão ou será que a razão está do outro lado?

3.      A atitude saudável diante de estímulos ligados ao apego, ao desejo, à egoidade, nome que, como vimos, a Teosofia dá ao conjunto ‑ orgulho, vaidade, amor próprio, ciúme, inveja etc. ‑ é difícil de explicar. É um passar por cima da reação imediata e ver o que a Natureza busca ensinar através da reação. Não é deixar de sentir. Desde que houve um estímulo, haverá uma reação. Só uma pessoa muito equilibrada, um adepto, não sentirá, porque está além do jogo. Ou, então, um desequilibrado, um louco, um alienado. É preciso esclarecer bem que não é uma atitude estóica, não é um "deixa pra lá", não é partir para um existencialismo. Não é não vou sentir para não sofrer e fugir do assunto. É, vou sentir, vou ser autêntico em relação à sensação, mas vou adquirir capacidade de conduzir a reação de forma consciente. É uma atitude ativa em busca de uma solução

4.      Na dinâmica dos elementos da alma ‑ Vontade, Mente e Emoção - não devo considerar a emoção como detalhe. A fundamentação desta afirmativa está na Psicocibernética, cujo conteúdo apresento no meu livro "Equilíbrio Pessoal" citado anteriormente. Teosoficamente, a emoção é constituída por forças energéticas que estão em sintonia com o nosso estado emocional, portanto, se pensarmos na causa da emoção, ficaremos cada vez mais envolvidos dentro dela. Para sair é preciso empregar a Vontade. Digamos que estejamos deprimidos porque alguém nos ofendeu. Na dinâmica, a reflexão deve estar no jogo entre Razão e Vontade e não no estímulo emocional. Não se deve pensar, por exemplo: por que será que tal pessoa me ofendeu, ou outras cogitações do mesmo teor. Devo pensar: sinto-me calmo e tranqüilo e, dentro deste estado, vou procurar resolver a situação, seguindo o processo exposto no capitulo anterior, quando procuramos apresentar um esquema.

 

Acontece que a problemática não é simples, é complexa. Para aplicar o esquema a casos reais, devo recordar certos dados sobre o funcionamento da emoção:

1.      No estagio atual, como foi visto, a emoção é polarizada. No seu desequilíbrio, ela tem duas funções: estimulante, quando incita a buscar a coisa, a fazer a coisa; ou inibidora, quando não quero fazer certa coisa, ou quando quero e não consigo.

2.      Os problemas com os quais nos defrontamos podem ser de duas naturezas ‑ objetivos ou subjetivos:

·         Quando são OBJETIVOS, assim que tomo conhecimento, consigo trazer todo o quadro correlato para o consciente e consigo manipular o esquema. Por exemplo: perda de um emprego ‑ analisar se justo ou injusto, que lições tirar etc. Existem, todavia, estímulos que, apesar de objetivos, são muito complexos - fumar, beber, jogar, entorpecentes, ciúmes etc. Procurar seguir o processo. Inteirar-se dos fatos. Adquirir conhecimento, argumentar. Relacionar dados éticos, estéticos, lógicos e sociais.

 A correção para qualquer tipo de problema emocional objetivo, nem sempre pode ser drástica. Instalaram‑se por condicionamento, por doses progressivas. Existem, pois, dois caminhos fundamentais:

a)      Sempre que a influência emocional for estimulante, há necessidade de diluição, da inversão do condicionamento, passando a fazer cada vez um pouco menos.

b)     Sempre que a influência for inibidora, fazer cada vez um pouco mais.

 Acompanhei um caso de dificuldade afetiva para com os Pais. A pessoa adquiriu conhecimentos e analisou ‑ choque de valores, desejo de libertação, falta de comunicação adequada por parte dos Pais. Pela argumentação, concluiu que o certo seria relacionar‑se bem. Elaborou um plano de ação. Começou com toques, pequenos diálogos, até vencer por completo. Houve esforço e, até certo ponto, dor ‑ isso para conseguir amar.

 ·         Quando são SUBJETIVOS, inconscientes, não conseguimos trazer o quadro de correlações internas. Exemplos: insegurança, medo, fobias, problemas na área da sexualidade - excessos, desvios, inibições ‑ e outros. São muito difíceis de lidar diretamente. Há necessidade do apoio de um especialista. Escolher um profissional competente. Não se conformar de permanecer com o problema.

 UMA CURIOSIDADE SOBRE A EMOÇÃO

 Cientificamente, o que provoca reação emocional é um movimento no sistema glandular. A reação surge quando acontece algo inesperado em relação ao esquema previsto. Isso tanto para reações positivas quanto para negativas.

Achamos graça numa anedota quanto mais o desfecho esteja fora da expectativa, quanto mais incoerente em relação aos conceitos estabelecidos. As anedotas são sem garça quando o desfecho se aproxima da realidade.

O mesmo acontece com as emoções violentas. A emoção violenta sempre provém de uma frustração. É sempre o rompimento de uma expectativa. Espero que aconteça alguma coisa e não se dá.

As grandes emoções delicadas também são produto do inesperado. Por exemplo, no dia das Mães, a pessoa sente uma determinada emoção diante daqueles que sempre se lembram e outra quando, inesperadamente, surge alguém que vem externar que a considera como Mãe. Por isso, para manter o elã dentro do relacionamento afetivo, é necessário criatividade. Pequenas surpresas. Imaginar, planejar gestos fora da expectativa.

Observação: Para entender melhor a complexidade da emoção, ler como a mesma se estrutura no livro "Equilíbrio Pessoal" de minha autoria.

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