A Substância Primordial, que projeta de Si o Universo, é que é o Universo em várias fases durante o período de atividade chamado Manuântara. É como se fosse o proprietário de uma empresa executando, ele mesmo, as várias funções exigidas.
Esse princípio, essa Substância chamada Parabrahm, é que toma a posição de Sol Oculto, depois a situação de Vishnu e de Shiva etc. Parabrahm pode fazer isso sem alterar-se, sem prejudicar-se porque ele não é uma quantidade. De uma quantidade, se tirarmos uma parte, sempre fica faltando alguma coisa. Acontece que Parabrahm não é uma quantidade, ele é um estado de ser. Um estado de ser em cada etapa da vida Universal. Em cada momento, todas as potencialidades de Parabrahm estão presentes, apenas diferenciadas para fins de função. Essa é a onipresença de Deus.
O Eterno, que é a Unidade, se polariza. A Criação só é possível através da dinâmica entre dois pólos.
Surgem então os princípios potenciais do Espírito e da Matéria, conhecidos na literatura Védica como Purusha e Prakriti. Purusha compreende estados de consciência Cósmica manifestada, é o Espírito que paira sobre a Criação, impregnando tudo; e Prakriti compreende os substratos da manifestação, as formas de que se revestem essas consciências para poderem se objetivar.
Purusha e Prakriti não podem subsistir um sem o outro porque se constituem em uma polaridade dialética. O que acontece é que, ao longo da manifestação, existe ora predominância de um, ora de outro.
Quando se dá a polarização, dentro de Brahmã surge um turbilhão que se espalha na forma de uma névoa e a matéria se subdivide, pela ação das Gunas, em pequenas partículas que poderíamos chamar de átomos primitivos, ou primordiais.
Esses átomos se constituem no pó dos mundos, a poeira sideral. Acontece que, pela ação das Gunas, que têm potencialidade setenária, conforme vimos no capítulo XI, Purusha e Prakriti são, também, de natureza setenária, de maneira que esses átomos se diferenciam em sete tipos e vão se constituir na base dos sete planos cósmicos, diferenciados em densidade. Através de um esquema setenário, vão sendo elaboradas espirais descendentes dentro da gama vibratória, conduzindo a matéria do mais sutil para o mais denso.
D.S. Estância VI:2 - "O Radiante e Veloz "UM" produz os Sete Centros de matéria indiferenciada, contra os quais nada prevalecerá até o Grande Dia "Sê conosco"; e assenta o Universo nestes fundamentos eternos, rodeando nosso Universo com os Germes Elementares, que são os átomos da Ciência".
Estes átomos delineados por Purusha e Prakriti permaneceriam calmos e tranqüilos, não fosse a atuação de Fohat, que é o conjunto ativo de Sattva e Rajas e que, fazendo parte do vórtice inicial, que emana do Sol Oculto, ou seja, de Brahmã, tem a função de impulsionar os átomos para que vão se tornando cada vez mais densos, sempre controlados pela atuação das três Gunas:
Sattva - força centrífuga;
Rajas - o movimento, a vibração;
Tamas - força centrípeta, É a força que se opõe à expansão. É a energia cuja tendência é delimitar os processos, completando, dessa forma, os ciclos menores e maiores, que voltam ao repouso chamado Pralaya para, depois de um determinado tempo, novamente ter inicio um Manuântara, ou período de atividade, o que se dá por novo impulso de Fohat.
Segundo H.P.B.: "A evolução do Universo tem início com a energia intelectual do Logos. Esta energia intelectual, ou seja, essa luz do Logos, é o elo de ligação entre a matéria objetiva e o pensamento do Logos. Recebe em vários livros Budhistas o nome de Fohat. Este é o instrumento de que se serve o Logos para trabalhar. Fohat é a essência da eletricidade Cósmica, a Força Vital. No mundo manifestado é a sempre presente energia elétrica, o poder tanto destrutivo quanto construtivo".
A primeira fase da manifestação é um processo de expansão, pois há predominância de Fohat, que contém Sattva e Rajas. A Sankya há sete mil anos já afirmava que o Universo estava em expansão. A astronomia, hoje, confirma isso dizendo que as galáxias se afastam com a velocidade de 60.000 Kms. por segundo de um ponto celeste, situado junto à estrela Sirius. Caminha para a faixa do vermelho, em direção à Vega, portanto, ainda descendo para o mais denso.
Os dois princípios já citados no capítulo anterior, Brahmã e Vishnu, poderemos chamar de Pai e Mãe Cósmicos, porque deles vão sair os construtores do Universo.
D. S. Estância III: 10 - "Pai e Mãe tecem uma teia cuja parte superior se prende ao espírito, à Luz na Escuridão, e cuja parte inferior se prende a sua extremidade sombria - a matéria. Esta teia é o Universo, tecida com as duas Substâncias, que são "UMA", a Substância Primordial, conhecida na filosofia Hindu como Svabhavat".
Svabhavat é palavra Sânscrita e significa - o Espírito, a Essência da Substância".
Para direcionar essa matéria informe surgem os primeiros seres Cósmicos, os Construtores, os Arquitetos, que recebem, no Budhismo Esotérico, o nome de Dhyan Chohans, filhos dos Pai e Mãe Cósmicos e, por serem todos "UM", são Seres AutoGerados com a finalidade de cumprirem funções dentro da estruturação do Universo. São esses seres surgidos do segundo trono, do Mundo das Leis, que vão pôr em prática nos planos da manifestação, as idéias arquetipais que estão contidas na Lei Divina.
Segundo H.P.B.: "Dhyan Chohans é uma palavra Sânscrita que significa "Os Senhores da Luz". São os mais elevados "deuses", correspondendo aos Arcanjos do Catolicismo Romano. São inteligências Divinas incumbidos da supervisão do Cosmos".
D. S. Vol. II: pag. 204 - "Estes Seres são os Filhos da Luz, porque eles emanam daquele infinito Oceano de Luz, ao mesmo tempo em que são autogerados dentro dele, sendo que um dos pólos desse Oceano é puro Espírito perdido na plenitude do Não-Ser, e o outro pólo, a Matéria na qual se condensa, cristalizando em tipos cada vez mais e mais grosseiros, ao passo que desce para dentro da manifestação. Portanto, a matéria, apesar de ser, num sentido, apenas sedimentos daquela Luz cujos Raios são as Forças Criativas, ainda assim, traz dentro de si a presença total do Espírito, ou seja, daquele Princípio que ninguém - nem mesmo os "Filhos da Luz", derivados de sua Escuridão Absoluta - jamais conseguirá conhecer".
D.S. Vol. V: pag. 208 -"Por essa razão, conforme corretamente afirmado - se o Universo como um todo é projeção da Eterna Substância Una, ou Essência, não é essa Essência Eterna, a Divindade Absoluta, quem constrói as formas; isto é feito pelos primeiros Raios, os Anjos ou Dhyan Chohans, que emanam do Elemento único, o qual, tornando-se periodicamente Luz e Trevas, permanece eternamente na Raiz do Princípio, a única desconhecida, se bem que a única Realidade existente".
D.S. Vol. II: pag. 202 - "No que respeita à questão dos "Sete Governadores", que Hermés chama de "Sete Construtores", os Espíritos que guiam as operações da Natureza, e dos quais os átomos animados são a sombra ... ".
D.S. Vol. V: pag. 128 --"Basilides falava em sete Aeons, coorte de anjos que brotaram da Substância do Supremo".
D.S. Vol. V: pag. 208 - "Na Cabala Caldaica ou Judia, o Cosmos está dividido em sete mundos e é no segundo Mundo que aparecem os sete Anjos de Presença, ou as Sefirotes. Na Doutrina Ocidental eles são os Construtores e é somente no terceiro Mundo que os planetas e nosso Sistema Solar são construídos pelos sete Anjos Planetários, sendo que os Planetas são seus corpos visíveis".
D.S. Vol. I: pag. 114 -"Os Sete Senhores Sublimes são os Sete Espíritos Criativos, ou Dhyan Chohans, que correspondem aos Elohim Hebreu. É a mesma Hierarquia de Arcanjos da teogonia Cristã".
D.S. Vol. V: pag. 375 - "Dhyan Chohans, os primeiros Construtores. O espírito desses sete, coletivamente, é Atmã - um oitavo Princípio, igual ao Todo".
Estes sete Dhyan Chohans, obedecendo à mecânica Cósmica, que vai se reproduzindo ao longo da descida para a matéria, também se polarizam, dando, de um lado, a consciência do Universo, e do outro a matéria atômica. Os átomos vão se multiplicando, os fenômenos vão se repetindo de tal maneira que resulta nesta multiplicidade de efeitos tal como os vemos hoje.
Com a finalidade de coordenar esse trabalho, da polarização dos Sete, surgem as Hierarquias Cósmicas, coorte de Seres com funções específicas. As Forças Criadoras que estão ligadas a Purusha, mantém a consciência dos ciclos e trazem maior quantidade de Fohat. As que estão ligadas a Prakriti, controlam a estruturação da matéria e trazem maior quantidade de Tamas, que recebe também o nome de Kundaline.
D.S. Vol.II pag. 360 - "0 Átomo Cósmico Uno converte-se em sete Átomos no plano da matéria e cada um se transforma num centro de energia; esse mesmo Átomo Cósmico se converse em sete Raios no plano do espírito e em sete Forças Criadoras da Natureza, irradiando da Essência Raiz. Seguem umas o caminho da direita, outras o da esquerda, separando-se até o fim do Kalpa e, não obstante, estreitamente abraçadas. Quem as une? Karma".
D.S. Vol.I pag. 318 _ "Todo o Cosmos é dirigido, controlado e animado por uma série infinita de Hierarquias de Seres Sensíveis, cada uma tendo uma missão a cumprir, e que quer os denominemos Dhyan Chohans ou Anjos - são "mensageiros" no sentido de que são agentes das Leis Universais".
D.S. Vol.V pag. 315 - "Damacio, filósofo Neoplatônico do século VI d.C., repete os ensinamentos dos Pagãos quando diz que existem sete séries de Cosmocratas ou Forças Cósmicas, que são polares - as superiores incumbidas de manter e guiar o mundo superior; as inferiores, o mundo inferior, o nosso mundo".
Podemos acrescentar que as Hierarquias ligadas ao Mundo Superior estão relacionadas à Consciência Cósmica e as Hierarquias ligadas ao Mundo Inferior estão relacionadas aos Tattvas. O que são os Tattvas?
Conforme a vibração emitida pelos vários Dhyan Chohans, vibração conhecida como Tanmatra, que modela energeticamente o sopro do Eterno, vão surgindo os vários Tattvas que atuam no âmago dos átomos, gerando, dessa forma, os vários estados da matéria.
Conforme a vibração do Tattva, vão sendo agrupados os átomos que lhe são afins e vão surgindo os sete planos da matéria. Esses planos se constituem nos repositórios de matéria prima dos quais aquilo que é manifestado retira matéria para sua elaboração e manutenção.
A transmutação da matéria não é uma utopia, mas só será possível a alguém que comande os Tattvas.
São eles, do mais sutil para o mais denso:
D.S. Vol.II :pag. 475 - "No Esoterismo, ou seja, entre os Ocultistas, os sete Tattvas são - Adi, ligado à matéria Cósmica; Anupadaka, vibrando no plano do Pai e da Mãe; Akasha, vibrando no plano dos Dhyan Chohans; Vayu, vibrando nos átomos dos gases; Tejas, vibrando nos átomos que produzem calor; Apas, vibrando nos líquidos e Pritivi, vibrando na matéria sólida".
D.S. Vol.II: pag. 474 -- "Na Natureza, encontramos sete Forças ou sete Centros de Força, e tudo parece corresponder a esse número, tal como o setenário da escala musical, do som e do espectro das cores".
D.S. Vol.II: pag. 347 - O prof. William Crookes (1.832-1.919), grande físico Inglês, falando sobre os corpos simples da química: "Nossos corpos simples, aceitos como tais, não são simples e primordiais, não apareceram por casualidade nem foram criados de modo mecânico e irregular, mas se desenvolveram de material mais simples ou talvez, de uma única matéria. Eu apenas apresento de maneira formal uma idéia que tem pairado "no ar" dentro da ciência. Químicos, físicos, filósofos do mais elevado mérito, declaram explicitamente sua crença de que os setenta (ou aproximados) elementos de nossos livros de texto não são os pilares de Hércules que pensamos nunca poder ultrapassar "...
D.S. Vol.II: pag. 351 -- "E agora a ciência nos diz que o elemento primogênito ... o que mais se aproxima do protilo seria o hidrogênio ... o qual, por muito tempo, teria sido a única forma de matéria existente no Universo". "Protilo (Protyle) é uma palavra nova que vem do Grego e que foi introduzida dentro da química para designar a primeira substância homogênea e primordial. Quando o Protilo for aceito e reconhecido, tal como o Éter invisível o era, sendo ambos necessidades lógica e científica - a química terá virtualmente deixado de existir; ela reaparecerá em sua reencarnação como Nova Alquimia, ou metaquímica".
D.S. Vol.II: pag. 175 - "Quanto mais a química e a física progridem, o axioma ocultista do surgimento dos átomos primordiais vai encontrando mais apoio no mundo do conhecimento; a cada dia ganha mais terreno a hipótese científica de que até mesmo os elementos mais simples da matéria são idênticos em sua natureza, e diferem uns dos outros apenas em conseqüência das várias distribuições dos átomos na molécula ou da constituição do próprio átomo da substância, bem como da forma de vibração atômica".
O fluxo do Eterno continua, na sua íntegra, emanando continuamente de Brahmã, o Sol Oculto, com a finalidade de vivificar a Criação. Nessa função recebe o nome de Prana e será tratado no próximo capítulo.