CAPÍTULO XIII

O QUE É PRANA?

 

É uma das funções da energia Primordial que emana de Brahmã, ou Sol Oculto, e que vivifica permanentemente os átomos do mundo manifestado.

Quer dizer que, além das funções de Purusha que mantém a Consciência da Criação, e de Prakriti que mantém a matéria, existe um perene fluxo de vida que brota de dentro de Parabrahm através de Brahmã e cuja função é a de vivificar a matéria em todos os seus aspectos, possibilitando que cada um dos vários elementos da manifestação execute a sua específica tarefa dentro do plano arquetipal.

John Tyndall (1.820‑1.893), físico Irlandês, deixou registrado: "A energia em circulação é eternamente a mesma; ela borbota em ondas de harmonia através das idades e todas as energias da terra, todas as manifestações da vida, bem como o desenrolar‑se dos fenômenos, não são mais que modulações ou variações da mesma melodia Celeste".

Prana vai diferenciando seu efeito de acordo com as modalidades da constituição atômica de cada plano. É como a eletricidade. A energia é uma só, mas, em cada aparelho, produz um efeito diferente, particular.

Vejamos, de uma maneira geral, quais são as funções de Prana quando atua em nossos corpos, apresentando as subdivisões dos corpos mais sutis constantes do Budhismo Esotérico:

Átmico ‑ Sabedoria e Amor Universal

Budhico ‑ Intuição

Mental Superior ‑ Abstração

Mental Inferior ‑ Raciocínio lógico ‑ mental dual

Astral ‑ Emoção

Etérico ‑ Vida

Físico ‑ Ação

O que nos interessa é o que se passa no plano etérico, mesmo porque, sobre esse Prana nós podemos ter controle.

O Prana etérico é uma diferenciação do Prana Cósmico e é responsável pela vida.

D.S. Vol. V: pag. 566 ‑ "O duplo etérico sustenta a vida; é o reservatório ou esponja de vida, recolhendo‑a de todo o reservatório natural que se situa ao redor, e é o intermediário entre o reino de Prana e a vida física. A Vida não pode aparecer imediatamente vindo do subjetivo para o objetivo, pois a Natureza vai se organizando gradualmente, através de cada etapa. Portanto, o duplo etérico é o intermediário entre Prana e nosso corpo físico, e funciona como uma bomba sugando a vida".

Este Prana se apresenta na forma de glóbulos chamados glóbulos de vitalidade.

Como toda a matéria universal é setenária, existem sete modalidades de Prana, contendo, cada uma, energia diferenciada, com finalidades orgânicas específicas.

Nos dias de sol, olhando para longe, vemos esses glóbulos brilhando com grande intensidade. Como o plano é muito sutil, eles estão distanciados uns dos outros e se encontram em agitação contínua.

O corpo etérico é constituído por verdadeira rede compacta, formada por uma infinidade de filamentos, canaisinhos que recebem o nome de nadis. São em número de 70.000. Alguns Hindus chegam a falar em 70 milhões. Por esses nadis circulam as energias de Prana.

Entre o corpo etérico e o astral, ou corpo emocional, existe uma tela ou um filtro de textura muito cerrada, formada de uma camada de átomos muito comprimidos. Essa tela só deixa passar o Prana pelos centros sintonizados e impede a passagem de outras forças do plano astral , ou seja, do corpo emocional, forças com as quais o homem teria dificuldade de lidar por serem desconhecidas para ele. Ela funciona como um relê, impedindo que os eventos dos mundos astral e mental passem caoticamente para a consciência física.

A ruptura dessa tela pode causar perturbações de ordem mental, emocional e física. Álcool em excesso, alucinógenos, mediunidade mal dirigida e até o fumo em excesso prejudica a pureza da tela e do metabolismo de Prana.

O duplo etérico tem aparência de um fluído translúcido, violáceo. Para vermos o duplo etérico não devemos fitar o objeto frontalmente. Os olhos devem estar relaxados e devemos fitar um ponto no centro e atrás, portanto, uma ligeira convergência ocular. Depois de estarmos assim, calmamente, fitando como quem não quer ver nada, começa surgindo uma pequena faixa brilhante ao redor do objeto. Não devemos nos surpreender e mudar a visão para ver o que está aparecendo, senão desaparece, porque desfocamos a visão do etérico.

O estudo do duplo etérico e do metabolismo de Prana é importante para compreendermos a função de nossos chakras. São eles que recebem as energias, condensam as mesmas e as fazem circular pelo nosso corpo, energizando os órgãos.

Que são os chakras?

A palavra chakra é Sânscrita e significa roda; isto porque ela se refere a uma série de vórtices energéticos semelhantes a rodas e que estão inseridos na matéria do duplo etérico. Esses vórtices servem como pontes de comunicação entre o físico e os corpos mais sutis do  homem, possibilitando a vida consciente física e estão dispostos ao longo da coluna vertebral.

- Segundo C. W. Leadbeater, em seu livro "Os Chakras", os centros magnéticos vitais do ser humano são:

 

 

Português
 

Sânscrito 

1

Raiz

Muladhara

2

Esplênico

Swadhistana

3

Umbilical

Manipura

4

Cardíaco

Anahata

5

Laríngeo

Vishuda

6

Frontal

Ajnã

7

Coronal

Sahashara

Chacras

 

Cada um tem uma função vital sobre os órgãos e sobre o metabolismo orgânico sendo que a sua ausência representa a morte.

D.S. Vo1.V:523 ‑  "Prana é o Pai das vidas. Como exemplo, pode‑se citar uma esponja que seja imersa nas águas do oceano. A água no interior da esponja pode ser comparada a Prana. Prana é o princípio motor da vida. As "vidas" vivem Prana. Retire a esponja da água e ela se torna seca, simbolizando assim a morte".

Como é que se faz essa comunicação entre o duplo e o físico ‑ entre as energias do plano etérico e o corpo físico?

1. Pela alimentação. Existem centros energéticos na boca que absorvem Prana. A filosofia de Lao-Tsé, no capítulo Macrobiótica, diz que devemos beber os alimentos sólidos e mastigar os líquidos.

2. Por certos centros de entrada e saída direta das energias, sendo que podem ser estimulados pelas posturas da Yoga.

3. Pela respiração.

Vamos ver como se processa o metabolismo pela respiração uma vez que, sobre ele, podemos ter controle.

Ao longo da coluna vertebral temos, no duplo etérico, três canais, ou seja, três nadis, assim dispostos:

‑ um central denominado Sushumna

‑ um à esquerda denominado Ida

‑ um à direita denominado Píngala

Estes três canais são conhecidos na tradição Hindu como as Três cordas de Shiva, o tricórdio humano. Na mitologia Grega, como a lira de três cordas.

Pensa‑se que a respiração se faz de maneira simultânea pelas duas narinas mas, se observarmos, veremos que a respiração muda de lado. Ora atua o canal Ida, ora o Píngala e há um momento em que ambas as narinas estão abertas, mas com muito pouco movimento de ar. Nesse momento está funcionando o canal Sushumna. As energias que percorrem esses canais são ora andrógina, ora negativa e ora positiva.

1. Quando circulam pelo canal central são andróginas.

2. Quando circulam pelo canal esquerdo são negativas ‑ lunares

3. Quando circulam pelo canal a direita, são positivas ‑ solares

O revezamento das narinas se dá a cada duas horas. Os Tattvas se sucedem em cada fluxo e pode‑se saber qual Tattva está vibrando pelo comprimento da onda de ar que sai das narinas. Colocando os dedos horizontalmente embaixo das narinas, pode‑se perceber a mudança do comprimento que varia da seguinte forma:

Pritivi ‑ 16 dedos abaixo

Apas ‑ 12 dedos

Tejas ‑ 8 dedos

Vayu ‑ 4 dedos

Quando vibra a energia Átmica, andrógina, a onda de ar não tem comprimento. Este é o momento em que o homem tem seus maiores vislumbres intuitivos.

A energia Átmica, andrógina, chega ao chakra Coronal, na cabeça, na forma de um filamento chamado fio de Sutratma. Segue ao longo da coluna pelo canal central de Sushumna e vai terminar no cóccix.

Como todas as energias do Universo, Prana é polar. A energia lunar que entra pela narina esquerda, banha nadis da cabeça e segue ao longo da coluna, percorrendo um caminho sinuoso e vai terminar no chakra Esplênico que faz a dissociação dos átomos e as distribui para as várias partes do corpo. A energia solar, entrando pela narina direita, irriga nadis da cabeça e vai terminar no Esplênico que faz a distribuição.

Quando aspiramos o ar, os glóbulos de vitalidade entram juntamente, separam‑se do ar que vai para o pulmão e seguem o caminho já descrito e vão ter ao Esplênico. O Prana distribuído pelo corpo é que vai exercer funções orgânicas, tais como metabolismos da respiração, da digestão, da excreção etc. mantendo a integridade do corpo.

O tipo de aura etérico do corpo físico depende justamente do estado de vitalidade das nossas células.

Com esta explanação sucinta, já dá para perceber o valor da respiração. A possibilidade de intercâmbio pela alimentação e por certos centros de absorção direta, não substitui a finalidade que é preenchida pela respiração, simplesmente complementam o processo.

Só a respiração estimula o metabolismo fundamental, ligado aos chakras, particularmente se for praticada na presença do eucalipto, do pinheiro. Para intensificar a entrada do Prana e, também, do oxigênio, a Yoga recomenda a Respiração Completa e o Pranayama.

 Respiração Completa

Absorver o ar, projetando a barriga para a frente a fim de distender o diafragma e dilatar os pulmões ao máximo. Depois, continuando a forçar a entrada do ar, ir recolhendo a barriga e levantando os ombros de modo a forçar o ar a preencher a parte superior dos pulmões. Reter o ar um pouquinho de tempo. Soltar o ar suavemente, contraindo o abdome ao máximo para forçar a saída total do ar dos pulmões.

Pranayama

O verdadeiro Pranayama tem uma contagem de tempo muito particular, podemos dizer, cabalística, e o pronunciamento de Bijâs. O que vamos apresentar é uma fase anterior que poderíamos chamar de  Respiração Alternada.

- Colocar os dois dedos, indicador (Júpiter) e médio (Saturno) sobre a testa, na raiz do nariz;

- Obturar a narina direita com o polegar (Vênus) e começar a aspirar pela narina esquerda;

- Reter o ar pelo tempo que determinar; pode ser de 4 a 8 tempos, no ritmo do coração,

- Obturar a narina esquerda com o dedo anular (sol) e soltar o ar pela narina direita;

- Conservar o pulmão vazio dentro do mesmo ritmo e aspirar pela mesma narina, ou seja, pela direita;

- Reter o ar pelo tempo determinado;

- Obturar a narina direita e soltar pela esquerda;

- Conservar o pulmão vazio dentro do mesmo ritmo e aspirar pela mesma narina, ou seja, pela esquerda.

- Continuar esse processo até completar 7 rodadas completas.

 

Observação: Se inspirarmos bem suavemente, perceberemos a separação entre o oxigênio que vai para o pulmão e o Prana que vai para os centros da cabeça. O Pranayama completo está descrito no livro "Equilíbrio Pessoal" de minha autoria.

 

Algumas curiosidades que você pode experimentar: Existem nadis que interrompem o fluxo da corrente, tanto solar quanto lunar. Ficam debaixo do braço, na altura da costela. A obstrução se faz do mesmo lado, isto é, o nadi da direita obstrui a passagem da corrente solar pela narina direita e o da esquerda o da corrente lunar pela narina esquerda.

‑Pode‑se fazer uma experiência quando estiver resfriado e uma das narinas entupida. Se deitarmos do lado da narina que está aberta, o fluxo dessa narina pára e a obstrução passa para ela, liberando a que estava obstruída.

‑A febre é um desequilíbrio no fluxo das correntes de Prana; a solar fica mais intensa. Deitando do lado direito, obstruímos a passagem da energia solar e passa a circular a lunar e a febre baixa.

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